A ARTE DE ILUDIR E COMO SE PREVENIR

Jeferson Silva
Pensar não é uma tarefa fácil, principalmente devido ao forte apelo emocional que nossa constituição física e mental proporciona. Somos seres de emoção antes de qualquer coisa. O filósofo David Hume defendeu certa vez, que a razão é um tipo de fenômeno escravo do sentimento. Para Hume a razão poderia ser entendida como uma ferramenta usada para justificar nossas emoções. Nesse sentido a arte de iludir pode ser uma técnica eficiente quando apela para as emoções.
Com o desenvolvimento das ciências e dos estudos cognitivos, as afirmações de Hume pareceram em certa medida adequadas. Sabemos que o raciocínio é influenciado em grande parte pela emoção. Neste sentido o ato de pensar pode ser angustiante, motivando muitas pessoas a evitar tal prática. Existe uma diferença entre pensar e se deixar levar. No cotidiano chamamos de influenciáveis aquelas que se deixam conduzir sem questionar o que é afirmado. Facilitando a prática da arte de enganar.
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Não é por acaso que os sistemas de publicidade apelam para as emoções na hora de tentar vender um produto ou serviço. É conhecimento geral que a porta de acesso para influenciar uma pessoa é o sentimento.
Os meios de comunicação de massa também adotam uma linguagem dramatizada uma vez que esta é a mais eficiente na hora de influenciar e garantir resultados para os patrocinadores. Promovendo sua arte de iludir através de notícias dramáticas a imprensa consegue manipular em algum grau o sentimento das pessoas.
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Isso não significa que os meios de comunicação devem ser excluídos ou condenados, o que parece adequado é que as pessoas possam detectar as inconsistências das afirmações e do próprio pensamento, confrontando seus sentimentos. Evitando dessa forma, tornarem-se vítimas da arte de enganar.

Observando a coerência

Wittgenstein defendeu que a diferença entre pensar e se deixar levar estaria no uso inadequado da linguagem, onde em geral as pessoas usam a linguagem de maneira superficial, sem prestar atenção nas conseqüências do que é afirmado.
O que identifica se uma afirmação é pensada ou negligenciada é a coerência e a conexão concreta com o mundo, neste sentido, quanto mais conectada com o mundo é uma afirmação, menor é a exigência de acreditarmos e maior é a possibilidade de comprovação. Acreditar e comprovar são os agentes que validam o pensamento.
A principal diferença entre uma crença e uma comprovação consiste no fato da comprovação exigir uma seqüência de fatos contextualizados enquanto uma crença pode negligenciar as evidências.
Um termo muito usado para identificar erros do pensamento é chamado de falácia. Uma Falácia é uma afirmação pensada de maneira superficial, negligenciando as evidências, sendo fundamentada por crenças.
Muitas pessoas e instituições fazem um grande esforço para produzir erros de raciocínio aceitáveis, seja para vender um produto ou vencer uma discussão.
Fazer com que as pessoas sejam influenciadas por falácias é uma arte cada vez mais estudada e praticada no cotidiano. Hoje é consenso que a responsabilidade de não acreditar em afirmações propositadamente equivocadas é individual. Alguns entendem que a responsabilidade não é de quem produz o engano e sim da pessoa que acredita.
Com tantas tentativas de influenciar as pessoas, torna-se importante ficar atento para identificar as falácias.
As áreas das ciências cognitivas afirmam que muito da capacidade de percepção é uma questão de prática, sendo aconselhável para quem deseja ficar mais atento treinar a identificação de falácias.
A melhor maneira de se proteger é sempre perguntando pelo conjunto de evidências e não aceitar apenas uma evidência como verdade.

Não acredite em tudo

Como as crenças estão intimamente associadas aos sentimentos e estes são porta de entrada para influenciar uma pessoa, geralmente os truques para criar uma ilusão na arte de enganar usam da crença através de algumas das técnicas de persuasão.
Uma das maneiras de convencer alguém é através do seu sentimento por outra pessoa ou pela autoridade no qual tenha adquirido confiança. Neste sentido, ao receber a informação de alguém de que você gosta ou que acredita, é possível que ocorra menor questionamento sem o exercício de identificação de possíveis falácias.
É por isso que propagandas usam de atores admirados pelo publico ou de pesquisas ditas científicas.
A ideia aqui é conseguir influenciar eliminando o senso critico através do sentimento de uma pessoa por outra, ignorando desta forma a perguntar pelo conjunto de evidências.
Isso ocorre toda hora nas propagandas e nos resultados de pesquisas científicas onde somente o que interessa é publicado. Um bom exemplo pode ser encontrado no texto Cuidado com os alimentos: não se engane onde é abordado algumas questões sobre a ilusão provocada pelas indústrias alimentícias.
Outra forma de influenciar é através da crença relativista, esta serve muitas vezes como justificação na tentativa de se escapar das conseqüências. Em geral ocorre através da ideia que uma crença é sempre verdadeira para a pessoa que acredita. Você já deve ter escutado alguém dizer: “Isso pode ser errado para você, mas para mim é correto.” Ou ainda “Eu acredito e ponto final”.
Não é aconselhável esquecer que uma crença geralmente é manifestação de um sentimento e em certa medida de um desejo. Neste sentido uma crença não precisa estar relacionada com fatos verdadeiros. É possível acreditar em vida após a morte mesmo que todas as evidências apontem para a impossibilidade disso.
Sendo a crença uma manifestação do sentimento, é compreensível que aqueles que achem injusto morrer, entendam que é obrigatória a existência de uma outra vida após a morte. Observe que é possível influenciar uma pessoa apelando para o sentimento.

Atenção na evidência

O segredo de influenciar consiste na habilidade de produzir crenças.
No entanto é aconselhável ficar atento para o fato das crenças não estarem conectadas diretamente com os fatos no mundo e sim com os desejos e sentimentos.
Quando alguém acredita em algo, está apenas manifestando um sentimento e não um conjunto contextualizado de evidências.
Tentar fazer você acreditar em algo consiste em motivar sentimentos e criar uma ilusão onde a pessoa terá dificuldades em ficar atento para as inconsistências e não conseguirá questionar adequadamente certas afirmações.
Para se proteger deste tipo de influência é aconselhável perguntar sobre suas emoções frente alguma afirmação. Observe se é necessário confiar/acreditar no que é afirmado ou existem e são demonstradas evidências concretas.
É importante observar a diferença sobre evidência concreta e falsa evidência.
A técnica do falso dilema é largamente usada para promover crenças com falsa evidência e confundir assim a percepção. É possível fazer uma coisa parecer outra, basta omitir certas informações.
No trabalho é muito comum pessoas se sentirem perseguidas quando de fato o que ocorre é uma simples mudança de regras ou de objetivos. Na comunicação de massa, falsos dilemas vendem e geram muito lucro.
Recentemente uma rádio local apresentou uma pesquisa que apontava para o fato do comportamento humano ser determinado somente pela genética. A rádio perguntava aos ouvintes se eles concordavam com o fato do comportamento ser totalmente genético.
O falso dilema aqui, consiste no fato de não existir pesquisa que afirme tal coisa, uma pesquisa científica não possui meios de afirmar se uma pessoa vai agir de uma determinada forma frente uma situação qualquer.

Evitando ilusões

Em geral, o que a ciência afirma não é sobre o comportamento humano e sim sobre o comportamento do corpo humano e suas tendências. Isso significa que geneticamente uma pessoa pode ser mais propensa a se irritar, no entanto o que ela vai fazer com essa irritação é impossível determinar. Por exemplo, é possível canalizar tal irritação para tornar-se uma pessoa mais determinada, sendo um profissional mais eficiente.
Existem muitas técnicas de manipulação do pensamento para influenciar as pessoas, basicamente a maioria delas atua no sentimento, na distração para impedir a detecção da ilusão e na ocultação e distorção dos fatos.
Para evitar certas ilusões procure:
1 — O conjunto de evidências
Poucas evidências permitem facilmente distorcer os fatos e montar um cenário que promova o falso como sendo verdadeiro. Busque sempre o conjunto das várias evidências. Não acredite, comprove.
2 — Atenção aos seus sentimentos
Para influenciar você a porta de entrada é seu sentimento, sempre avalie se você está pensando no campo da crença ou se existem diversas evidências. Se é uma crença, então fique atento. Não esqueça que acreditar é simplesmente confiar.
3 — Veja o quanto lhe estão distraindo.
Para influenciar é importante criar distrações. Normalmente se insere falácias dentro de polêmicas e dramatizações. Isso ocorre devido ao fato da pessoa acabar prestando mais atenção ao que é polêmico ou dramático e desta forma não percebe algumas inconsistências do que é afirmado.
Não se deixe influenciar, busque pelo conjunto de evidências e observe atentamente o contexto das afirmações. Não seja manipulado pela arte de iludir.
Fonte: Blogdojsilva em http://jeferson.silva.nom.br/

Referencias:

HESSEN, Johannes. Teoria do conhecimento. ed. São Paulo, Martins Fontes, 2003.
MOSER, Paul. K.; MULDER, Dwayne H.; TROUT, J. D. A teoria do conhecimento. ed. São Paulo, Martins Fontes, 2004.
NAHRA, Cinara; WEBER, Ivan Hinho. Através da Lógica. ed. Vozes, Petrópolis-RJ, 2009
WESTON, Anthony. A construçao do argumento ed. Martins Fontes, São Paulo, 2009.
WILSON, John. Pensar com conceitos. ed. Martins Fontes, São Paulo, 2005.

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